E fez-se magia



Após os dois desaires consecutivos na Madeira diante de Nacional e Marítimo, onde o Porto demonstrou uma estranha letargia após uma excelente série de vitórias, o Dragão voltou a receber um jogo da nossa equipa que aproveitou para registar mais uma expressiva vitória que coloca de novo a diferença pontual entre Benfica e Porto em apenas três pontos e que ajuda a equilibrar as contas relativamente à diferença entre golos marcados e sofridos, factor que poderá ser de uma importância vital caso o resultado do jogo entre ambas as equipas na trigésima jornada corresponda ao alcançado na primeira volta, desta feita claro está com vantagem portista. E na última segunda-feira, a jogar perante o seu público, os jogadores do Porto perceberam que tinham a responsabilidade de corrigir os dois últimos resultados, sobretudo através de um ajuste de personalidade e atitude, algo que foi indubitavelmente alcançado. Num jogo de sentido exclusivo, a equipa controlou o jogo desde início e sacudiu com mestria toda e qualquer pressão que pudesse ter restado dos jogos frente aos madeirenses, não permitindo a que o Estoril rematasse uma única vez com um mínimo de perigo à baliza de Fabiano e criando de forma constante oportunidades interessantes para alcançar o golo. Os cinco golos sem resposta apresentam-se como plenamente justos, face ao avassalador domínio apresentado pela equipa, que coroou com uma excelente exibição a décima vitória consecutiva no estádio do Dragão.

A partida iniciou-se como tantas outras jogadas em casa, com o Porto desde bem cedo a executar uma sufocante pressão que impedia a equipa do Estoril de sair a jogar com critério, obrigando ao erro e recuperando assim a bola de forma extremamente rápida, partindo desde cedo para jogadas interessantes na frente de ataque. O meio-campo demonstrava-se extremamente ágil, bem mais
(forte pressão retirava linhas de passe
à equipa do Estoril)
dinâmico que nas duas últimas partidas, algo que permitiu que a circulação de bola fosse feita com uma temporização bem mais à imagem daqueles que são os princípios de jogo do Porto. Não foi portanto de estranhar que nos primeiros quinze minutos Brahimi - que se apresentou a um nível bem mais positivo quando comparado com os últimos jogos que realizou - e Quaresma tivessem levado muito perigo junto da baliza de Vagner, fazendo adivinhar que a noite podia ser de um deles. Do outro lado, a estratégia do Estoril passava por evitar a todo o custo a construção a partir da linha defensiva, tentando explorar a velocidade de Sebá pela direita, onde a bola era invariavelmente colocada, mas Alex Sandro e Indi responderam sempre com muita eficácia a todas as tentativas, impedindo que a equipa adversária tivesse bola por muito tempo. Sempre que arriscava o passe curto, o Porto era rápido a colocar uma primeira linha de três homens na primeira fase de construção da equipa de Fabiano Soares, que impedia o adversário de se organizar devidamente. Quando a bola
(linhas do Estoril afastadas permitiam que o
meio-campo caísse em cima do portador de bola)
encontrava o seu caminho para o meio-campo, os laterais e médios do Porto estavam de forma célere prontos a desarmar qualquer que fosse o portador da bola, pelo que o Estoril desistiu desde bem cedo de procurar alternativas diferentes às bolas bombeadas para Sebá e Balboa, que na verdade não trouxeram qualquer melhoria à equipa, sobretudo por estarem incrivelmente isolados face ao posicionamento das suas linhas defensiva e média.


O Porto passa então a controlar todas as operações do encontro, deixando de existir adversário fora
(jogadores da frente do Estoril sempre
demasiado desacompanhados)
do plano defensivo. Com Casemiro a explorar de forma quase perfeita as longas variações de jogo, cedeu a Brahimi a oportunidade de criar perigo por diversas vezes, mas a pontaria do argelino não estava propriamente afinada. Coube então ao flanco oposto assumir o jogo ofensivo da equipa, com Danilo e Quaresma a combinar de uma forma soberba, deixando a defesa do Estoril sem mãos a medir perante a intensidade que ambos impingiam no flanco direito do ataque portista. Quaresma começava assim a assumir-se como o principal protagonista do jogo, não só pela excelente contribuição ofensiva mas também pela disponibilidade que entregou à equipa nos momentos de pressão e recuperação de bola, que juntamente com a rotação do meio-campo e dos laterais impedia a equipa adversária de respirar. Também Óliver, pelo centro, foi preponderante na forma como levava a equipa para a frente mesmo quando pressionado por dois ou mais jogadores do Estoril. E foi aproveitando a forma como o meio-campo se comportou, com Casemiro a fazer denotar a sua habitual agressividade e rápida condução de bola e Herrera, que apesar de não ter rubricado a melhor das exibições soube ser aquilo que Evandro não conseguiu nos últimos jogos que realizou pelo Porto, a assumir por diversas vezes o jogo da equipa, mesmo que com muitos passes falhados pelo meio, que Danilo e Alex Sandro aproveitaram para subir ainda mais no terreno, assumindo praticamente a posição de extremos, com Quaresma e Brahimi não raras vezes a procurarem movimentos interiores - ajudando na construção de jogo por zonas mais centrais - e triangulações com os laterais.
Aboubakar não mais era o corpo estranho que habitou no centro do ataque da equipa nos últimos jogos fora de casa, conseguindo acertar várias combinações interessantes e muito mais competente a fazê-lo de costas para a baliza, denotando uma maior facilidade em ser uma adição de valor à equipa em jogos com relvados em condições mais favoráveis ao estilo de jogo que tão bem nos caracteriza. Não foi portanto de admirar que os golos chegassem, com Quaresma pela direita a assistir por duas vezes na perfeição Óliver e Aboubakar, que aproveitaram para acabar com as dúvidas ainda antes do intervalo.

A segunda parte trouxe mais do mesmo, com o Porto a entrar novamente muito forte e com claras intenções de dilatar o marcador, algo que conseguiu desde bem cedo. A entrada de Rúben Neves em campo permitiu que a equipa gerisse de forma mais serena a posse de bola, recuando um pouco mais
(recuo na pressão na segunda parte
já com o resultado em 3-0)
no terreno e estabilizando os tempos de jogo, já a pensar na partida de sábado em Vila do Conde, diante do Rio Ave. Ainda assim, qual Harry Potter, Quaresma voltou a aparecer para fazer outro golo, com um grande drible sobre Vagner, concluindo a partida com duas assistências e outros tantos golos. Pelo meio, uma brilhante combinação entre Aboubakar, Hernâni e Danilo deu ao brasileiro o golo da noite, inteiramente merecido pela sua entrega total, mostrando no primeiro jogo após a confirmação da sua venda ao Real Madrid que a braçadeira de capitão lhe assenta e de que maneira.
(saída em falso de Fabiano)
O único momento menos positivo da partida foi sem dúvida mais uma preocupante saída da baliza de Fabiano, que por pouco não deu um golo ao adversário. Pelo caminho, voltou a embater num jogador do Porto, desta feita Marcano, que felizmente saiu do lance em melhores condições que Danilo, diante do Basileia.
A equipa soube compreender a necessidade de corresponder perante os nossos adeptos e mostrou querer continuar com a intenção bem clara de reclamar a camisola amarela, bem ao contrário do Estoril, que foi sem grandes dúvidas uma das piores equipas a apresentar-se no Dragão esta época.

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