Prejuízo de 40,7 milhões de euros, ou mais do mesmo



A SAD do Futebol Clube do Porto apresentou hoje os seus resultados consolidados, no valor de 40,7 milhões de euros, negativos. Isto é, a SAD teve prejuízos desse mesmo montante.

Embora a informação disponível ainda seja pouca, uma vez que à hora em que escrevo este texto, o Relatório & Contas não esteja disponível, mas apenas o resumo enviado à CMVM, há algumas conclusões interessantes que já se podem retirar:

  • O resultado líquido diminuiu, grosso modo, 60 milhões de euros, de 20 positivos, para 40 negativos. Este fenómeno é explicado, segundo a administração, pela redução das mais-valias com a alienação de passes de atletas, que decresceram cerca de 52 milhões de euros;
  • Do ponto anterior resulta que as referidas mais-valias não explicam oito milhões de euros de prejuízo, que podem estar relacionados com o insucesso desportivo em Portugal e na Europa;
  • Ainda assim, numa temporada onde tivemos o pior plantel dos últimos anos, os gastos com amortizações e imparidades de passes conseguiram aumentar cerca de um milhão de euros;
  • Ao contrário do que Fernando Gomes diz sobre o Mundial ser responsável pelo avultado prejuízo, uma vez que fez atrasar alguns negócios, nomeadamente Mangala e Defour, as alienações dos passes destes dois atletas não chegariam para, sequer cobrir o prejuízo. Aliás, a alienação de Defour, calculo eu, nem sequer terá um efeito significativo nas contas e Mangala nunca na vida irá representar uma mais-valia igual aos 30,5 milhões de euros pelos quais o Porto vendeu a percentagem do passe que detinha, uma vez que o atleta ainda tinha valor nas contas do clube e Jorge Mendes se faz pagar bem;
  • O capital próprio torna-se negativo entrando o clube em situação de falência técnica, situação que será resolvida à custa de um aumento de capital, sacrificando, o clube, 50% do estádio para o conseguir fazer;
  • Este prejuízo, se não me falha a memória, é o segundo maior da história do futebol português, superado apenas pelo Sporting de Godinho Lopes. Sintomático;
  • Custos com o pessoal diminuem cerca de 5,2 milhões de euros. Para já, é difícil saber o porquê exactamente, mas apostaria numa drástica redução dos prémios de desempenho;
  • Numa altura de crise, e com vários responsáveis do clube a dizer que necessitámos de cortar nos gastos, apenas conseguimos reduzir os custos operacionais em cerca de 800 mil euros, que representam, em termos relativos, uns espectaculares 0,065% de diminuição. Notável!;
  • Uma vez que não obtivemos acesso directo à Champions, o rendimento associado à participação só pode ser considerado na temporada 14/15. Isto representa cerca de 10 milhões de euros, o que significa que o clube até terá trabalhado bem ao nível da obtenção de receitas, uma vez que os proveitos operacionais, excluíndo jogadores, caíram apenas 5,8 milhões de euros;
  • O passivo aumentou cerca de 13 milhões, essencialmente à custa do aumento dos financiamentos;
Daqui é possível concluir que a situação financeira da SAD do Porto é deveras preocupante. Quantos anos poderemos aguentar este registo de gastar mais do que aquilo que temos, não sei. Mas era bom que os sócios e adeptos acordassem antes de levarem com uma bomba dessas em cima.

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2 comentários

  1. Em quanto vai subir o activo com metade do estádio? 37.5M€?

    Sendo o capital próprio negativo em +-33M€ quer isto dizer que existe a possibilidade dos capitais próprios voltarem a ficar negativos em 2015?

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    1. O estádio não é uma solução milagrosa. Se continuarmos neste registo, só serve para adiar o problema.

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